Benjamim Batista faleceu no dia 19 de março após quadro grave de infecção. Pais relatam que médico minimizou sintomas em atendimento inicial.
Uma família de Juazeiro do Norte vive o luto pela perda do pequeno Benjamim Batista, de apenas 1 anos, que faleceu no dia 19 de março, vítima de uma grave infecção. Os pais, Tathyane Batista e o artista conhecido como Palhaço Liliu, relatam que levaram a criança a atendimentos médicos dias antes, mas que os sintomas teriam sido subestimados.
No dia 16 de março, Benjamim foi levado ao hospital da Hapvida com febre persistente e um inchaço semelhante a um “cabeça de prego” no joelho. De acordo com a família, a médica que o atendeu observou uma leve vermelhidão na garganta e prescreveu ibuprofeno e dipirona. No dia seguinte, o menino apresentou melhora. “Sorrindo, brincando, até brinquei com ele bastante”, disse o pai.
Porém, no dia 18 de março, os sintomas retornaram, incluindo vômito e febre. A família procurou novamente a Hapvida às 15h33. Outro médico solicitou um hemograma e administrou Vonau na veia, soro e dipirona. Segundo o pai, após o exame de sangue, o profissional informou que Benjamim tinha uma “infecçãozinha” e anemia, receitando astro, dipirona e um remédio para enjoo, orientando que voltassem em caso de piora.
Na manhã seguinte, Benjamim vomitou novamente. Diante do agravamento do quadro, os pais optaram por levá-lo ao Hospital Maria Amélia. “A gente se desesperou. Eu me desesperei. ‘Nós vamos hoje para o Maria Amélia, nós não vamos para a Hapvida mais não’”, conta o pai.
Chegando ao Maria Amélia, Benjamim foi atendido imediatamente. O médico que o examinou demonstrou preocupação ao ver o estado da criança. “Por que esse menino não foi internado lá na Hapvida ou em qualquer outro lugar? Porque esse menino está com uma infecção grande já”, teria dito o profissional.
O pai questionou sobre o nível da infecção, que, segundo o médico, estava em 104, de acordo com o exame anterior, enquanto o normal seria 6. “O médico disse: ‘Ele vai ser internado agora com urgência porque o grau de infecção dele está altíssimo’”, relata. A criança começou a apresentar sinais mais graves, como pele amarelada e respiração ofegante.
Enquanto aguardava medicação no hospital, Benjamim passou a suar intensamente e sua respiração ficou ainda mais difícil. A médica recomendou um banho para aliviar o calor, mas, ao tentar banhá-lo, a mãe percebeu que ele estava perdendo a consciência. “Na hora que eu fui pra banhar ele, ele começou a virar os olhos (…) só enrolei ele e já cheguei em desespero aonde estavam as médicas e enfermeiras”, conta.
Benjamim foi levado às pressas para a UTI, onde sofreu uma parada hepática. Os médicos conseguiram reanimá-lo, mas seu estado era considerado gravíssimo. A equipe iniciou os trâmites para transferi-lo ao Hospital São Vicente, em Barbalha. No entanto, ao tentar conectá-lo aos aparelhos da unidade móvel do SAMU, a criança sofreu outra parada cardíaca e, dessa vez, não resistiu.
Os pais receberam a notícia com profunda tristeza. “Quando chegamos à sala do Hospital Maria Amélia novamente, já nos deparamos com a notícia que não esperávamos, que ele já não estava mais entre a gente”, lamenta a mãe.
O pai também questiona o atendimento recebido na Hapvida e relembra que um dos médicos chegou a afirmar que o caso se tratava de um vírus comum entre crianças. A família busca entender por que exames mais detalhados não foram realizados logo no primeiro atendimento.
Como forma de protesto e busca por respostas, a família realizou uma manifestação pacífica na última quinta-feira (27). O ato seguiu até a frente do hospital Hapvida, onde os pais e apoiadores exigiram esclarecimentos sobre o atendimento prestado a Benjamim.
Reportagem
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